31 de janeiro de 2012

A solidão dos velhos


singrandohorizontes.wordpress.com

Nos últimos dias não têm parado as notícias de pessoas encontradas em casa mortas depois de dias, meses ou anos sem serem vistas. Estas pessoas são geralmente velhos sem família ou sem uma família interessada.
O caso mais gritante foi o de uma senhora que esteve mais de nove anos morta em casa e só foi encontrada quando o novo proprietário lá entrou, após ter adquirido a casa em hasta pública motivada pelo acumular de dívidas.
A ideia de haver alguém em pleno século XXI em Portugal quem não tenha a data do seu falecimento na lápide (se é que ela sequer vai existir) deixa-me “assustado”, não que isso faça falta ao defunto, mas pelo que isso traduz.
A sensação que me provoca é muito idêntica à das valas comuns, onde não há qualquer valorização do indivíduo, onde não se respeita a memória e a vida que a pessoa teve, quase como se fosse uma mera estatística ou um simples corpo sem significado.
Para além disso e muito mais importante, que a pessoa não tenha tido em vida a preocupação por parte de alguém, não fazendo falta a ninguém e deixada a afogar-se na solidão. Esse é mesmo o sentimento que mais me entristece nestas histórias, o não fazer falta a ninguém, a ponto de ninguém se preocupar ou mexer um dedo sequer para tentar saber “o que será feito daquele homem ou mulher?”. É a absoluta indiferença no seu estado mais puro.
Não será fácil solucionar este problema, Portugal até nem é dos países com mais casos e eu não tenho uma resposta milagrosa, no entanto não deixa de ser muito triste e alarmante. A evolução também nos traz destas coisas.

30 de janeiro de 2012

Qatar

http://4.bp.blogspot.com
Ontem, enquanto fazia tempo para tomar o meu antibiótico, comecei a ver o programa "60 minutos", transmitido pela SIC Notícias, para me ajudar a afastar o sono. Uma das três reportagens estava relacionada com o Qatar.
Este pequeno território, do qual eu sabia tão pouco, faz fronteira com a Arábia Saudita e tem vindo a conquistar parte das suas terras ao mar. O seu sistema de governação é uma monarquia, cujo o chefe máximo é o Emir Haman Bin Khalifa Al-Thani que depôs o seu pai em 1995 sem recurso ao derramamento de sangue.
Este país, que possui a terceira maior jazida de gás natural do mundo e o maior PIB per capita mundial. Contrariamente a outros países Árabes cuja riqueza advém do subsolo, os seus habitantes têm acesso a uma qualidade de vida única, com privilégios difíceis de igualar, como acesso gratuito à educação, saúde e electricidade.
O seu governante máximo transformou um território desértico com uma população a morar em tendas, num paraíso desenvolvido com arranha-céus em que a inovação e criatividade é bem patente. 
A política externa levada a cabo pelo Emir é também ela pouco usual, pois mantém relações com a maioria das nações, independentemente do lado da barricada, como EUA, Irão, Arábia Saudita e Israel, não se subjugando a ninguém, e deixando isso bem claro.
A própria Al-Jazeera é uma criação sua, foi ganhando importância mundialmente e teve um papel importante na Primavera Árabe, graças à independência e busca da verdade que o Emir defende. Com as suas posições consegue fazer não apenas amigos como também inimigos, no entanto é clara a sua habilidade em incrementar a influência do Qatar internacionalmente.  

29 de janeiro de 2012

Passeio Solidário

O dia de ontem foi passado em São Pedro de Moel a participar numa iniciativa organizada pela câmara municipal da Marinha Grande, o passeio solidário "Da Orla Costeira às Pedras Negras". A participação nesta iniciativa estava sujeita a inscrição, devendo cada um contribuir com bens, onde se incluíam alimentos, roupas ou qualquer outro produto referido numa lista disponibilizada.
A organização preparou uma visita ao farol de São Pedro Moel, um "monumento" com cerca de um século, que mantém ainda o equipamento óptico original. Para além dessa visita pudemos ainda desfrutar de uma tarde muito bem passada, juntamente com alguns amigos, ao longo de um percurso pedestre de 8,5 km sempre iluminados pelo sol que bem-dispõe e de uma nortada menos amigável.




27 de janeiro de 2012

SAP


Desde sábado que ando com dores de garganta e com a minha sinusite de estimação a dar sinal. Levantar-me de manhã tem sido uma tarefa mais difícil que o habitual e ontem depois de uma noite muito mal dormida acordei com a sensação de ter sido espancado e decidi finalmente ir ao médico.
Saí mais cedo de casa para tentar ter o menor número de gente possível à minha frente e evitar passar grande parte da manhã, senão mesmo toda a manhã, à espera e perder meio-dia de trabalho. Da última vez que tinha ido ao posto-médico, a quem a evolução mudou o nome para SAP, três das minhas importantes horas do dia foram lá passadas graças a 14 doentes que se me anteciparam.
Ia eu preparado para o choque, quase na fase da reza a pedir a Deus que curasse grande parte daquela malta para não gramar com a mesma pastilha da última vez, e dou de caras com apenas 4 pessoas, 1 delas pai de uma miúda que ressonava alto e bom som enquanto aguardava pela vez da criança. Enquanto aguardava para fazer a inscrição li as quantas folhas afixadas na vitrina e descobri o motivo de hoje me despachar mais depressa, 10€ por inscrição.
Não tenho presente a quantia exacta que paguei no posto médico pela minha última doença, mas se não me falha a memória foi menos de um terço.
O aumento radical das consultas leva a que as pessoas utilizem menos esse serviço, o que por um lado é benéfico por implicar que as pessoas não se desloquem lá por tudo e por nada, mas por outro limita muito o acesso a quem tem menos possibilidades financeiras e precisa mesmo de lá ir, que pelo andar da carruagem serão cada vez mais.
Não consigo ter uma opinião muito concreta sobre este assunto, no entanto parece-me ter sido um aumento demasiado brusco e exagerado numa altura em que os preços de tudo e mais alguma coisa não param de subir.

24 de janeiro de 2012

Excesso de ruído


Nos últimos dias não se tem falado de outra coisa a não ser das declarações manifestamente infelizes do Presidente da República Cavaco Silva. Não há certamente a mínima dúvida que perdeu um grande momento de silêncio, não sendo surpresa para ninguém que o senhor tenha pouco jeito para a palavra. Daí a criar uma petição para pedir a sua demissão foi um saltinho, atitude essa que considero ser um mero folclore que provoca excesso de ruído.
Assumo desde já que votei no dito senhor em ambas eleições para a presidência da república e que votaria novamente caso fosse sujeito a eleição neste momento, o que não que dizer que concorde com tudo o que faz ou diz. Preferia votar neste Cavaco Silva a votar no Globetrotter Mário Soares ou no verbo-de-encher Jorge Sampaio. Em minha opinião, Cavaco Silva é um homem com sentido de estado e da posição que ocupa, não se esquivando a ter opinião ou tomar decisões mesmo que daí possa sair “chamuscado”, já que em grande parte das vezes é melhor uma má decisão a decisão nenhuma. Ganha muito dinheiro? Ganha, mas das reformas para as quais descontou, não recebendo o ordenado de presidente da república, que seria de 6523€ e não de 45000€ mais reformas, caso chefiasse a EDP.
O presidente da república tem sido, por estes dias, apontado por muitos dedos de pessoas que estarão em circunstâncias idênticas, a embolsar balúrdios à conta do estado, com a traseira abancada na assembleia e a auferir de uma reforma choruda ou com direito a ela num futuro muito próximo, por “servir” o país em dois ou três mandatos como deputado. Seria também de bom-tom abdicarem de alguns dos seus luxos em nome da austeridade nacional.
Em nome do equilíbrio das contas do país porque não aprovarem, nessa assembleia, tectos para as reformas, limitar os valores mensais a um valor não absurdo, por exemplo 1500€, que se situa muito acima do ordenado mínimo nacional (o triplo), suficiente para um cidadão sobreviver dignamente. É certo que seria menos justo para quem descontou maiores somas ao longo da sua vida de trabalho, mas não será mais injusto o afogo actual?
Quanto à família Cavaco Silva ser muito poupada, segundo o próprio, acho que só lhes fica bem, no entanto, muitas outras famílias também o seriam se conseguissem ganhar ordenados mais altos ou ter despesas mais baixas. Quando se ouvem os sermões dos governantes na televisão até dá a sensação que os portugueses são uma cambada de preguiçosos e bêbados malandros que gastam o ordenado em minis e tremoços. Não são esses mesmos governantes que nos colocaram nesta posição por não conseguirem gerir o nosso dinheiro?

23 de janeiro de 2012

Lentes de contacto


Graças ao astigmatismo e miopia comecei a usar óculos a tempo inteiro há cerca de cinco anos. A graduação das lentes até nem é extraordinariamente alta, no entanto, se não os tiver parece que o mundo se desfoca a mais de dois metros do meu nariz.
Quem usa óculos sabe que por vezes é bastante incómodo andar com um adereço apoiado na cana-do-nariz e que há uma série de pequenas limitações que lhe são inerentes. Quando está calor, transpira-se e eles escorregam, quando está humidade ficam embaciados. Passam o tempo a sujar-se e a precisarem de ser limpos e é lixado manter as lentes imaculadas. A pequenita tem um fascínio por marcar as suas impressões digitais neles o que dificulta manobrá-la quando está ao colo, na tentativa de desviar os seus golpes de punhos. Para alguém distraído é frequente coçar uma qualquer comichão na vista sem os tirar, ou então pôr e tirar o capacete também sem os tirar. Portanto, é uma agonia.
No mês passado fui ao oftalmologista para uma consulta de rotina e pedi-lhe a opinião sobre o uso de lentes-de-contacto. A sua opinião foi favorável, desaconselhando-me a utilização diária por a atmosfera do meu local de trabalho ter alguma poeira. Passou uma receita, deu-me dois ou três conselhos e esclarecimentos e mandou-me à minha vida.
Confesso que a utilização de lentes-de-contacto tenha sido qualquer coisa a que resisti um bocado, pois causava-me alguma apreensão a ideia de andar a esgravatar nos olhos para lhes colocar um pequeno objecto que se iria manter agarrado a eles durante o dia. Ontem finalmente, o grande momento! A minha amada, utilizadora dos ditos objectos, explicou-me os procedimentos e comecei a saga de meia hora a tentar colocar aquela porcaria.
A certa altura já nem sabia qual era o lado certo e o avesso das lentes, tinha os olhos vermelhos e uma sensação de desconforto que até parecia que os tinha lavado com areia. As lentes encarquilhavam-se a cada toque no olho, pela defesa do pestanejar. Finda essa meia hora não mandei a tralha toda pia abaixo por algum bom senso e esperança que ainda um dia vou conseguir.

19 de janeiro de 2012

Abrunhosa

A jornalista Judite de Sousa entrevistou hoje no Jornal das 8 da TVI, Pedro Abrunhosa. As minhas obrigações parentais não me deixaram ver, infelizmente, a dita entrevista, não porque seja fã incondicional de Pedro Abrunhosa ou das suas ideias, mas porque acho que ele até diz umas coisas, pese embora na maioria das vezes eu não concordar com elas.
O Pedro Abrunhosa é alguém que faz parte do lote de pessoas com quem eu nem simpatizo por aí além, que tem e defende ideias geralmente diferentes das minhas, no entanto reconheço-lhe o seu inquestionável valor e importância na cultura nacional. 
Sendo um intérprete e não um cantor, como o próprio afirma, criou ao longo da sua carreira, que soube evoluir graças à sua inteligência e perspicácia, temas que me agradam bastante, incontornáveis e marcantes na música portuguesa, que só não atingiram maior expressão por o português não ter visibilidade além-fronteiras. É inquestionável a qualidade da sua escrita.
Felizmente, sou um privilegiado e já tive oportunidade de assistir a três concertos seus, um dos quais fechando o primeiro Rock in Rio realizado em Lisboa, após a actuação de Sting que deve ter sentido uma enorme inveja naquela noite por não ter conseguido agarrar o público como fez o "animal de palco" portuense. Quando a sua curta actuação acabou para começar o fogo de artifício às 4h00 da manhã, o público teve alguma dificuldade em resignar-se por não ouvir mais umas quantas interpretações.

Pedro Abrunhosa - Eu não sei quem te perdeu

Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa 
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.

E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa 
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

17 de janeiro de 2012

Johann Sebastian Bach em Xilofone

Hoje quero deixar aqui apenas um video que um amigo meu me enviou, que tem tanto de subtil como de genial. Simultaneamente proporciona um momento de "Relax" se visto e ouvido num local que permita desfrutar da do pequeno video. 
Mesmo fazendo parte de uma campanha publicitária, não resisti a publicá-lo.

16 de janeiro de 2012

Dakar


Desde muito pequeno que a cada início do novo ano assistia com bastante entusiasmo ao Paris – Dakar. Na altura essa espectacular prova ainda era apelidada dessa forma e as suas etapas maioritariamente disputadas em terrenos africanos. O motivo desse fascínio não se devia apenas às “motas grandes”, aos carros de rally e aos camiões a fundo, mas também à envolvente, que resultava em magníficos cenários.
Do final dos anos 80 e início dos 90 lembro-me de ter dois pilotos preferidos, Ari Vatanen, um finlandês que dominava nos carros, o que lhe valeu 4 conquistas da prova e nas motas um tal de Stephan Peterhansel, francês que após 6 conquistas nas motas transitou para os carros, mantendo-se no activo até à actualidade, conquistando a 4 vitória (décima absoluta) na edição deste ano.
Em 2008, por via dos patrocínios e evolução natural da prova, o já chamado Lisboa-Dakar não se realizou pela suspeita de um possível ataque terrorista, mudando-se ano seguinte para a América do Sul. O nome “Dakar” manteve-se, mesmo sem ter mais nada a ver com o Senegal. Se calhar por causa desta mudança deixei de ver com o mesmo entusiasmo o dito rally, no entanto este ano, e talvez também pela influência de colegas também apaixonados pela prova, segui o Dakar do princípio ao fim.
Ao longo das 15 etapas acompanhei as etapas através do site, a puxar pelos portugueses, e à noite, sempre que possível, lá estava eu às 22h na Eurosport à espera de ver aquela cambada de malucos, principalmente os das motos que fazem aqueles 8 ou 9 mil quilómetros sozinhos.
No final três portugueses no top-10, Hélder Rodrigues em 3º nas motas, Carlos Sousa em 7º e Ricardo Leal dos Santos em 8º, ambos nos carros. Os restantes participante, não obtiveram uma classificação tão assinalável, não deixando de brilhar e conquistar alguns dos objectivos a que se propunham.
Para além das classificações ficam umas magníficas paisagens, das quais deixo algumas imagens, partilhadas através do Facebook da organização.












15 de janeiro de 2012

Passa depressa fim-de-semana

O que tinha pensado escrever aqui hoje não tem nada a ver com o que vou fazer. Em resumo o domingo está a ser daqueles que nos fazem rezar para que passe depressa, mas cuja sensação é a de os minutos passarem muito lentamente.
A miúda está com a maldita tosse há mais de uma semana, o que lhe atormenta o sono, a faz acordar a meio da noite e ficar rabugenta durante o dia, como se não bastasse perdeu também o apetite.
Após chegarmos do almoço de casa da minha sogra, tentei pô-la a dormir, começou com uma daquelas birras, que dão cabo da paciência a um monge budista. Aguentou-se a chorar, aliás, berrar mais de meia-hora! Teve de ser a mãe a tratar da tarefa poisa miúda já nem me podia ver na tentativa de a adormecer, depois de um biberão frustrado.
O tempo lá fora está chuvoso, chato, deprimente, daqueles que nos dão vontade de passar o dia enterrado até à cabeça no edredão, no entanto as responsabilidades não deixam.
Que pena não ter uma máquina do tempo para saltar deste dia para outro.

12 de janeiro de 2012

Franchising e empreendedorismo

Ao ouvir hoje o ministro Álvaro Santos Pereira falar de empreendedorismo e da lacuna na aposta por exemplo em franchisings de produtos portugueses como é o caso do pastel de nata, passaram-me pela cabeça três coisas. 
A primeira, foi a de já existir uma cadeia de franchising brasileira de nome "Habib's" que vende fast-food de origem árabe, que inclui no seu cardápio o "Pastelzinho de Belém" com uma venda anual aproximada de 20 milhões de unidades. A cadeia foi fundada por um português de nome António Alberto Saraiva, que iniciou o negócio com uma loja de rua em São Paulo e hoje tem 340 lojas no Brasil e 20 mil empregados.
A segunda, está relacionada com uma reportagem que vi há uns anos de um Palestiniano que tinha uma loja de roupa na Faixa Gaza que corria o risco de fechar portas, devido aos constantes desacatos que lhe tiravam a clientela. Um belo dia decidiu complementar o negócio com a venda de bandeiras dos Estados Unidos e Israel. Para que servem estas badeiras na Faixa de Gaza? Simples, para queimar! À época o dito comerciante, tinha sérios problemas para dar resposta a tanto pedido e acabou por garantir a sobrevivência da sua loja.
Finalmente, lembrei-me de uma ideia para um franchising relacionado com o que de melhor há de produtos portugueses, a loiça das Caldas. Obviamente que para esta ideia o nosso governo contribuiu em grande parte, graças à vontade que nos dá de os mandar para o car...! Pensei até em criar uma campanha para impulsionar o negócio, convidando cada português a enviar uma peça desse extraordinário artesanato a cada um dos deputados da assembleia, cujo slogan seria, "Mande um deputado para o car...". A estima que os portugueses nutrem por quem os representa é tão grande, que vou ter alguma dificuldade em assegurar fornecimento de barro para tanta loiça.

11 de janeiro de 2012

O direito ao delírio

Há uns dias encontrei numa pesquisa um video de um jornalista e escritor uruguaio de seu nome Eduardo Galeano, onde o mesmo lia um texto escrito por si cujo nome é "O direito ao delírio". Segundo o próprio, o texto foi inspirado na resposta de um seu amigo, Fernando Birri (realizador argentino),  à pergunta feita por um estudante ("Para que serve a Utopia?"), aquando de uma conferência universitária em Cartagena das Indías na Colômbia. A resposta pode ser encontrada no vídeo, bem como o referido texto, que acho fabuloso.


8 de janeiro de 2012

Amigo Rogério

Foi com uma profunda tristeza e choque que soube hoje do falecimento do meu amigo Rogério. Ao longo do tempo tenho-me apercebido que a morte não segue lógicas, não escolhe idades e por mais razões ou justificações que lhe procuremos conferir ela chega quer a aceitemos ou não.
O Rogério era um rapaz impecável, daqueles que não precisavam de morrer para já serem reconhecido dessa forma, era uma pessoa sempre bem-disposta, brincalhão de uma forma muito correcta e oportuna, sem cair em exageros e sem exuberâncias. O Rogério embora fosse discreto, era também muito comunicativo, dava-se bem com toda a gente e as suas brincadeiras chegavam quer aos mais pequenitos, quer aos mais velhos.
Ontem, após o final do jogo de futsal do Condestável, equipa da qual era capitão, e enquanto celebrava a vitória o Rogério faleceu subitamente, deixando todos os colegas e amigos em choque.
Hoje, enquanto falava com um primo meu, sobre a enorme perda, lembrámos o nosso Amigo, que ainda ia a meio dos trintas, que tinha e recomendava um estilo de vida saudável, sem vícios e que era sem a mínima dúvida um "Porreiro"!
Após a notícia, recordei com muita saudade uma passagem-de-ano, se não me engano de 1999 para 2000, passada na Praia da Vieira, em que o Rogério andou perto de duas horas perdido por entre ruelas, até que se sentou junto à porta de uma casa com a sua viola na mão e aí adormeceu. Quando acordou tinha umas moedas junto aos pés. Quando chegou à casa arrendada para aquela noite, contou-nos a sua peripécia, incrédulo e divertido, como era seu hábito. 
Embora ultimamente não me cruzasse consigo frequentemente, não deixarei de me lembrar de si e de sentir a sua falta. Como crente, desejo que a sua partida seja apenas uma passagem para um destino melhor.
Aos pais, irmão e restante família desejo que à sua imensa dor correspondam com muita força e se agarrem às boas memórias que o Rogério deixou para superarem cada um dos dias que se seguem. 

7 de janeiro de 2012

Actualização do "design" do blog

Desde que criei o blog que me parece faltar aqui qualquer coisa, o aspecto visual parece-me muito despido. Tinha vontade de colocar aqui uma imagem qualquer mas não sabia muito bem o quê e não queria estar a "roubar" nada a ninguém. 
Hoje, numa ida a São Pedro de Moel pedi à minha amada que me tirasse esta foto para a colocar aqui junto ao título. Depois de andar aqui a experimentar umas coisas, saiu esta obra!

6 de janeiro de 2012

Avó Elisa


Hoje é o dia de aniversário da minha avó Elisa, que celebraria 98 anos se não nos tivesse deixado há quase 17 anos. Felizmente que convivi com ela até ter a idade suficiente para ter uma memória clara de si.
A minha avó era uma senhora pequenina, com um ar muito simpático, sempre muito bem-disposta e sorridente. O que ela mais gostava era de ver todos à sua volta o melhor possível. Por detrás daquele ar feliz e doce, escondia o mais possível a pessoa extremamente ansiosa que também era e que tantos lhe problemas lhe causou ao seu frágil coração.
Outra característica muito vincada na minha avó era a sua “obsessão” pelas limpezas, que levava a que brincássemos com os seu hábito de andar constantemente a caiar a casa para ter as paredes sempre branquinhas.
Por vezes quando falo com os meus familiares, alguns deles primos afastados, sobre a minha avó, todos eles a descrevem saudosamente como uma pessoa muito delicada, que adorava ter a casa cheia, ao dispor das pessoas de quem gostava, sendo o ponto-de-encontro da família.
Embora já contasse alguma idade quando partiu, deixou-nos cedo demais tal como acontece a todas as pessoas boas e uma saudade imensa. 

5 de janeiro de 2012

Noite no sofá


A última noite foi muito dura, a pequena está constipadita e isso provoca-lhe um natural desconforto, dificuldade em respirar e o resultado foi uma noite mal dormida. O serão nem começou mal de todo, adormeceu às dez e pouco, depois de quarenta minutos em duelo com o João Pestana, uma hora depois e a partir daí foram sucessivos os despertares por culpa daquela respiração atrapalhada. Às duas menos qualquer coisa da madrugada, já não valia a pena insistir mais para que ficasse sossegada na sua cama, depois da minha esposa a “acudir” e inconsequentemente a tentar convencer a ferrar no sono, resolvi pegar nela e alojar-me no sofá por não haver outra forma de a acalmar com menos desgaste físico para nós. Assim passei a noite com ela ao meu lado, ambos dormindo aos bocadinhos naquela cama improvisada.
Até aos cinco meses a pequena nunca tinha adoecido, no entanto, assim que começou no infantário levou apenas dois dias a ficar doente, e desde essa altura já teve febres e constipações uma meia-dúzia de vezes. Nos últimos dois meses não foi para o infantário devido à operação da minha esposa, indo para casa dos avós. Nessa fase apenas um dia teve uma tossezita que se foi embora num dia ou dois. Curiosamente esta semana regressou ao infantário e às constipações.
Na altura de tomar a decisão da ida da pequena para o infantário ou para casa dos avós, não tive muitas dúvidas em optar pela ida para o infantário por via do grave problema de saúde da minha mãe e das duas operações a que tinha sido sujeita há relativamente pouco tempo. No entanto, preferia que até aos 3 anos a minha filha ficasse com os avós, maternos ou paternos, se estivessem reunidas as condições para que tal acontecesse.
Em minha opinião, o infantário tem algumas vantagens, como o relacionamento entre as crianças e as actividades que lhes são proporcionadas. Em contrapartida, com os avós têm uma maior atenção e vigilância, recebem um carinho especial, estabelecem laços familiares mais fortes e sobretudo ficam menos expostos a este tipo de doenças, que não lhe dão uma resistência assim tão extraordinária no futuro, até porque o vírus da gripe está em constante mudança.
A ida para o infantário aos 3 anos é, na minha opinião, mais acertada até porque a criança já tem outro grau de compreensão e ainda vai a tempo de ganhar alguma independência que lhe será útil na entrada para a escola. Também ao nível da saúde me parece ser a idade mais acertada por serem já mais resistentes fisicamente permitindo superarem melhor os contactos com os vírus e bactérias.

2 de janeiro de 2012

Regresso ao trabalho

Após sete dias e meio de férias, hoje foi dia de regresso ao trabalho. As férias correram dentro das expectativas, aliás até ligeiramente melhor pois a maioria dos objectivos foi atingida, e para isso acontecesse em muito contribuiu o bom tempo.
O regresso ao trabalho no novo ano levou a que andasse quase a manhã inteira a acompanhar de "Um bom ano" a distribuição de "passou-bens", com que normalmente cumprimento os meus colegas de trabalho. A maioria das pessoas retribuía a gentileza com os mesmos votos, havendo até um colega, senhor com idade para ser meu pai, que inverteu a marcha para me dar um bacalhau e desejar "tudo de bom para si e para a sua família" (que ele não conhece mas que espera ser feliz nos próximos 364 dias), gesto que me deixou mesmo sensibilizado.
Houve no entanto uma pessoa que ao meu cumprimento e respectivo voto de um bom ano, nem sequer me olhasse para a cara e se limitasse a dizer "obrigado". Embora considere ter uma relação pelo menos cordial e sem conflitos com todos os meus colegas de trabalho, o gesto não me surpreendeu e sinceramente até prefiro que não me deseje "bom ano" se essa não é a sua vontade. Naturalmente que há pessoas a que eu o disse com mais determinação que a outras e em muitos casos tivesse sido uma atitude de cortesia, no entanto acho que a minha educação a isso me obriga. Por essa razão faço questão de ao passar por todos os meus colegas de trabalho os cumprimentar, nem que seja com um mero "bom dia", mesmo que em alguns casos não lhes conheça o nome, visto sermos perto de 150 colaboradores.

1 de janeiro de 2012

Passagem de ano

A noite de fim de ano cá por casa foi passada sem grande agitação, não se fez uma mega refeição, não andámos aos saltos e a fazer algazarra e não apanhámos uma carroça de caixão à cova, até porque alguém tinha de tomar conta da miúda. 
Como tem sido hábito nos últimos anos fizemos a nossa tradicional Pizza caseira, cujas fotos mostro abaixo para que não haja qualquer dúvida, acompanhamos a refeição com um belo espumante doce, porque para Bruto já basto eu, e finalizámos com um docinho que a minha querida mãe preparou propositadamente para nós. 
A noite foi passada calmamente, cumprindo o ritual de deitar a criança à hora normal, para ela não se desabituar e aproveitámos a companhia da TV ao longo do serão. 
À meia-noite comemos os 12 pinhões, pois não tínhamos passas cá em casa, e ao arraial de foguetes acudi à minha assustada filha que despertou aos gritos e me manteve ao seu lado até às duas da madrugada, hora a que finalmente adormeceu e me libertou para eu fazer o mesmo.