29 de março de 2012

Otorrino...

E ao octogésimo oitavo dia do ano (ontem) fui pela quinta vez ao médico. Desta vez a consulta estava agendada no otorrinolaringologista e o motivo foi já ter necessitado de ir ao médico demasiadas vezes num tão curto espaço de tempo.
A primeira vez que fui a um destes especialistas foi há 12 anos portanto já sabia mais ou menos o que me esperava. A expectativa que tinha em relação ao desfecho era aquele que se veio a confirmar, graças ao meu nariz torto é aconselhável ser operado para corrigir o defeito.
Já há 12 anos tinha sido aconselhado a submeter-me à tal cirurgia correctiva, no entanto a mais que provável recuperação demorada levou a que a fosse adiando indefinidamente. Neste momento os muitos aborrecimentos que isso me provoca levou-me a chegar a um ponto de saturação em que “já estou por tudo”.
O próximo passo é levar uma TAC para ver se tenho ou não sinusite, e confirmar ao médico que estou mentalizado, ou pelo menos concordo, que ele me ponha a dormir e me parta o nariz… para depois o por no sítio. A última palavra será do seguro de saúde, até lá vou continuando a respirar só metade do que devia, com dores de cabeça e a desejar não voltar às dores de garganta.

27 de março de 2012

Ainda a Manifestação


Esta crónica aparece aqui com algum atraso, pois a manifestação organizada no dia da greve já ocorreu na semana passada, contudo ainda continua a dar que falar não apenas aqui mas em alguns sites, blogs e até o Presidente da República falou ontem sobre o tema.
Das circunstâncias sobejamente conhecidas, há duas que me “fazem alguma espécie”, a primeira e mais importante, a forma como um bando de energúmenos (não confundir com manifestantes pacíficos) desrespeita a autoridade policial, arremessa objectos contra montras, insulta e vandaliza, tudo sob pretexto de terem muitos direitos e viverem no país livre, sempre naquela conversinha do costume. Esquecem-se que também têm o dever de ser civilizados e os demais também têm direito a não ser importunados pela sua arruaça.
A segunda coisa que me “faz espécie” é a forma como a polícia abusa da sua autoridade e perante a necessidade de restabelecer a ordem, leva tudo à frente cegamente e arreia em tudo o que mexe. A questão dos fotojornalistas é o exemplo deste facto. Nas fotos que pude observar é claramente evidente a forma absurda como a fotojornalista Patrícia de Melo Moreira é agredida no exercício da sua profissão, sem motivo. A desculpa da falta de identificação para o triste acontecimento é demasiado esfarrapada, pois se a máquina fotográfica não fosse suficiente para identifica-la, o acto de fotografar não será certamente uma agressão, nem distúrbio.
O papel da polícia é manter a ordem e dar o exemplo, neste caso até poderão ser acusados de utilizar a força em excesso, mas tenho seríssimas dúvidas que tenham sido eles a atirar a primeira pedra.
Aqui fica um vídeo captado antes da carga policial que mostra o comportamento de alguns manifestantes a vandalizar a esplanada de um café e duas fotos que mostra a bárbara agressão à fotojornalista Patrícia de Melo Moreira. 

Carregado por  


Hugo Correia/Reuters


Hugo Correia/Reuters

26 de março de 2012

Ídolos


Começou ontem mais uma série programa “Ídolos” na SIC e tal como nas anteriores fui um espectador mais ou menos atento. Há essencialmente dois motivos que me fazem sentar/deitar no sofá ao domingo à noite e ficar o serão em frente à televisão, o primeiro, gosto muito de música e o segundo, gosto muito de me rir.
Nesta fase inicial, o gosto pela música nem sempre é completamente correspondido, por nem sempre dali resultar grande quantidade de qualidade e a música nem sempre ser do meu agrado, ainda que bem interpretada. No que toca à comédia, há sempre bastantes momentos dignos de uma boa risada. Felizmente que com o desenrolar do programa estas circunstâncias evoluem em caminhos opostos.
Sinceramente, não me causa grande peso na consciência rir com a maioria das figurinhas que por ali aparecem, e nesta fase em que o programa já está na 5ª série (se a memória não me falha), ainda menos. Quem por lá aparece sabe bem ao que vai e não sei como ainda há pessoas a ficarem escandalizadas com a forma como são postos a mexer dali para fora.
Não sei se toda a gente terá a noção do difícil papel dos jurados, mas ouvir milhares de candidatos, a maioria deles um autêntico terror para a música é dose… e grande.
Grande parte dos “cromos” que vemos, têm alguma dificuldade em aceitar que na verdade, não cantam mesmo rigorosamente nada e isso é avaliado por pessoas que estão no ramo há décadas, cuja profissão é mesmo essa! Os próprios e respectivos acompanhantes, que insultam e acusam o júri de praticar uma injustiça, indicam bem o que percebem da matéria e clarificam porque se sujeitam ao ridículo só por ansiar desmesuradamente a fama.
A minha modesta opinião, de quem também percebe pouco de música e ainda menos do “Show business” é que independentemente dos vencedores, não é ali que se encontram os verdadeiros “ídolos”.

23 de março de 2012

Fim da linha


http://www.luxurytraveler.com

Segundo as informações veiculadas pela comunicação social, o projecto do TGV está mesmo a chegar ao fim da linha. Fico muito satisfeito com esta decisão. Em minha opinião, o projecto era completamente desajustado à nossa realidade e dimensão, acarretava encargos dificilmente suportáveis e não justificava sequer o risco.
O problema do TGV em Portugal assenta essencialmente em duas questões, o comboio para atingir a velocidade máxima de 300km/h, que é o que se pretende, precisa de aproximadamente 50 km e a mesma distância para parar confortavelmente, ora com duas ou três paragens entre Lisboa e o Porto ou entre Lisboa e a fronteira espanhola, torna-se inviável essa situação. A segunda, um comboio que circule a velocidades a rondar os 300 km/h implica um consumo energético brutal, já para não falar nas inevitáveis despesas de manutenção.
A energia que o TGV consome é eléctrica e o impacto ambiental é menor, no entanto para produzir essa electricidade são também necessários combustíveis fósseis com os inerentes impactes.
Para este meio de transporte se tornar viável perante as despesas associadas, os preços dos seus bilhetes teriam de ser obrigatoriamente caros, como são em França e Alemanha por exemplo, com valores a rondar os praticados pelas companhias aéreas ou até superiores. Mesmo sendo um meio de transporte rápido, quando comparado com o avião fica a perder, se a juntar a este facto não tiver competitividade ao nível de preço qual será o interesse para o possível cliente? Há sempre uma ou outra pessoa que se recusa a andar de avião e para estes haveria sempre mercado, mas será que são assim tantos e tão assíduos?
Com 10 milhões de habitantes e uma área relativamente pequena parece-me ser sensato não levar este capricho luxuoso para a frente, mesmo que a União Europeia insista em que seja implementado até 2050.

21 de março de 2012

Cantat


Uma das minhas bandas musicais preferidas é francesa e dá pelo nome de “Noir desir”. Os “Noir Desir” tocavam num estilo rock/grunge, bastante apelativo e melodioso, com letras bem elaboradas extraordinariamente interpretadas pela voz rouca do seu vocalista.
A banda não se encontra neste momento no activo, tendo sido interrompidas as gravações e concertos em 2003 por o vocalista, Bertrand Cantat, ter sido preso em Vilnius na Lituânia após espancar e não prestar auxílio à namorada a actriz Marie Trintignam, que viria a falecer dias depois.
O crime praticado chocou não apenas pela gravidade, mas também por Bertrand Cantat ser associado geralmente à defesa da justiça e de causas humanitárias. Algumas das suas letras são mesmo exemplo disso, caso de “Un jour en France” onde associa a FN – Front Nationale, partido de extrema-direita de Le Pen, ao incentivo às desigualdades. Cantat era também um músico de intervenção.
Após 6 anos preso, inicialmente na Lituânia e posteriormente em França, Bertrand Cantat foi libertado condicionalmente em 2007 e passado pouco tempo regressou ao activo. No passado fim-de-semana tive oportunidade de ouvir o seu último trabalho “Choeurs”, lançado em Novembro de 2011, que junta mais 4 músicos. Não o ouvi ainda muito atentamente, mas a primeira impressão foi boa, música bem construída, alternativa e muito a “cara” do seu autor.
Aqui fica “Dithyrambe au soleil”, em português “Hino ao sol”.



19 de março de 2012

Dia do Pai


Habitualmente não atribuo muita importância a dias comemorativos ou  que pretendam lembrar algo do género “Dia dos namorados”, “Dia da criança”, “Dia da mulher” ou “Dia do pai”, hoje assinalado. A este último não atribuía importância mas recentemente isso tem vindo a mudar. Sinceramente acho que o dia tem muito pouca relevância, tal como todos os outros que referi, no entanto não deixo de reconhecer que tanto no ano passado como neste ano me soube bem receber um “recuerdo” da minha filha, por mais simples que tenha sido e mesmo não tendo sido ela a fazê-lo integralmente.
Não estou ainda naquela fase de extrema lamechice em que vou às lágrimas com este tipo de mimos, Deus me livre da lá chegar que não vale a pena, mas é bom sentir que se tem esse papel com tão grande importância, “Pai”.
Ao meu pai apenas lhe dei um abraço apertado e um beijo por ser também o seu dia e ele sim ser "o melhor pai do mundo", já que também ele liga mais aos afectos do que aos materialismos. A minha pequenota fez uma pequena lembrança no jardim-escola que vou guardar orgulhosamente e que aproveito para mostrar.
Nota-se perfeitamente que já tem mais jeito para trabalhos manuais que o pai, mesmo tendo apenas contribuído com o "carimbo" da sua mãozita. 

(Para os menos atentos, é uma "cena para por canetas")




15 de março de 2012

Ilustres desconhecidos

Se há defeito que me chateia é a falta de humildade e geralmente desejo com toda a força que o dono desse defeito apanhe uma valente lambada de luva branca (ou outra qualquer cor) e tenha de engolir essa arrogância. Há poucos minutos foi o que aconteceu a Edin Dzeko, ponta-de-lança Bósnio que joga no Mancheste City, que afirmou antes da eliminatória com o Sporting, "Não conhecer niguém da equipa". Pois bem ou é inculto, pois já tinha "levado na boca" da selecção nacional no playoff de apuramento para o Europeu, ou é pouco humilde.
Sendo sócio e Benfiquista assumido, não troco o meu emblema por mais nenhum e quando uma equipa portuguesa joga com uma estrangeira não sou daqueles que é portista, sportinguista ou simplesmente pelos portugueses,  só porque são portugueses. Umas vezes sou, outras não e não tenho sequer uma lógica para "puxar" ou não "pelos nossos". Nesta eliminatória fui 100% pelo Sporting (mas não sportinguista), mesmo tendo pouquíssima fé na sua prestação contra os "galácticos" do Manchester City. Aliás, penso que nem no seu íntimo o mais fervoroso lagarto pensaria que o Sporting ganharia cá e marcaria lá 2 golos, mesmo acabando o jogo com o "credo" na boca.
Se há coisa que acho muito democrática no futebol é que todos entram em campo com as mesmas possibilidades, independentemente dos argumentos que demonstrem ao longo dos 90 minutos. No final ganha quem for mais eficaz, ainda que possa não ser o melhor, no entanto para história ficam os primeiros e não os melhores, sempre foi assim e sempre será.
O Sporting foi na minha opinião na soma dos 2 jogos (180 minutos), melhor em 135 ou seja 3 das 4 partes e a justiça fez-se, ganhou! Ganhou porquê? Ganhou porque foi melhor sobretudo em duas coisas, humildade e união. Soube perceber que só jogando no seu máximo conseguia levar de vencido o favorito, uniu-se como equipa e isso tornou-se mais possível. Onze excelentes jogadores não fazem necessariamente uma excelente equipa, até porque quando há muitas estrelas os egos pesam demais e muitas vezes sobrepõem-se ao interesse comum. Geralmente as vitórias são conseguidas por grandes equipas, não por grandes egos.
Fiquei bastante contente pela recompensa que o Sporting obteve por ter havido justiça no decorrer dos acontecimentos, mais até do que pela lição que o Edin Dzeko recebeu. Será que o bósnio agora já conhece alguém do Sporting?

14 de março de 2012

Ai a saudinha!


Ainda vamos em Março e já fui três vezes ao médico por a minha sinusite dar sinal e consequentemente provocar dores de garganta e febre. No ano passado já ela tinha marcado bem a sua posição, mas este ano tudo indica não querer dar novamente tréguas. Na semana passada, quinta e sexta-feira, estive mesmo no “estaleiro” com febre.
O senhor doutor receitou a medicação da praxe, só muda mesmo a marca, nome e eventualmente os efeitos secundários. Para além da minha sinusite de estimação também tenho um estômago um bocado problemático, que ultimamente também me tem dado alguns apoquentos. Ontem não sei se uma digestão mal feita, em consequência da medicação ou de outra coisa qualquer, depois de uma noite mal dormida, acordei extremamente mal-disposto, com vómitos e andei praticamente o dia inteiro sem comer nada.
Felizmente hoje o dia já correu um bocado melhor e mesmo sem me sentir a 100 % já não me andei a arrastar.
Se calhar em vez de ir ao médico tenho de começar é a ir à bruxa.

12 de março de 2012

Entre o Robot e o Palhaço


Por vezes dou por mim a pensar se consigo ir mantendo algum equilíbrio na minha forma de pensar e agir, bem como nas decisões que tomo no meu quotidiano. Não sei se isso é meramente uma dúvida existencial, natural ou não, ou se é a paternidade a solicitar essa resposta, por via de querer transmitir uma educação à minha filha que lhe possibilite transformar-se numa boa pessoa, não que eu lhe exija ser a melhor em tudo, mas porque gostava que ela fosse o melhor que as suas capacidades lhe permitirem.  
Um dos irmãos de um dos meus melhores amigos tem uma definição para o "Homem equilibrado" que considero ser das melhores e mais bem-humoradas que alguma vez ouvi. Segundo ele, esse equilíbrio é atingido quando o Homem se situa exactamente a meio do intervalo que vai entre o robot e o palhaço.
A “teoria” não será naturalmente objecto de estudo a realizar num mestrado ou sujeita a verificação científica a publicar na revista “Science”, penso eu, contudo considero ser um óptimo ponto de partida para balizar aquilo que serão dois extremos bem vincados.
Não querendo parecer que tenho 70 anos, quando olho para trás vejo que nesta teoria já fui muito mais colado ao robot e com o tempo tenho procurado, não alinhar-me com o palhaço, mas manter-me o mais próximo do ponto intermédio que consiga. O equilíbrio não é uma coisa estática, que o digam os gajos do circo que andam no arame, mas a oscilação tem de ser controlada sob pena de resvalar para a rigidez ou palermice.
Antes de ser pai, condição que me assusta ainda diariamente, todas as decisões eram muito mais fáceis, todos os riscos eram menos graves (mesmo que sempre tenha tentado não arriscar mais do que achava que conseguia suportar, daí estar mais próximo do robot) e as consequências seriam essencialmente pessoais. Com o tempo e sem responsabilidades directas por ninguém, consegui libertar alguma da rigidez do robot e viver de forma mais descontraída, mais pragmática, sem relógio (mesmo gostando do acessório e mantendo a pontualidade britânica) e procurando relativizar as situações atribuindo apenas a importância às coisas que lhes é devida.
A bênção que foi o nascimento da minha filha, veio ocupar a minha mente com as muitas preocupações de lhe proporcionar a melhor vida que consiga e uma segurança que se torna cada vez mais difícil, já para não falar em incutir-lhe os valores e princípios correctos. Tudo isto veio colocar-me no caminho do robot novamente, com o risco de ser essa também a mensagem que lhe passo. Talvez fosse esse o motivo que me fizesse sentir a necessidade de parar um bocado para pensar, pois não quero ser o “pai dos castigos” ou o “pai dos mimos”, quero ser o “pai dos mimos e dos castigos” quando cada um tiver de ser chamado à acção e para isso preciso de ser justo, acho que essa é mesmo a palavra correcta, quero ser justo com a minha filha e comigo, pois só assim estarei em equilíbrio.

9 de março de 2012

Luísa Sobral


Até há bem pouco tempo desconhecia quem era Luísa Sobral, ouvia falar no seu nome aqui e acolá na rádio, mas como só ouço rádio quando vou a conduzir, nem sempre estou concentrado no que por lá dizem.
Uma certa vez ouvia uma música, que de resto passava com alguma frequência, quando reparei no nome da intérprete, surpreendendo-me por não ser quem eu esperava, mas por dar pelo nome de Luísa Sobral e ser portuguesa. A música não me era estranha e até já conhecia uma ou outra palavra da letra, porém atribuía-a na minha mente a uma tal de Yaël Naim, cantora franco-israelita de origem tunisina, ao qual o timbre de voz se lhe assemelhava, ou pelo menos aos meus ouvidos.
Procurei algumas coisas da cantora no incontornável Youtube e o resultado não poderia ser mais surpreendente. Por entre uma ou outra música suas, encontrei duas versões de músicas de outros autores, a primeira de Britney Spears – “” e a segunda da portuguesa Romana – “Não és homem para mim”. É surpreendente como mudando o intérprete, os arranjos e forma de cantar, a música ganha logo outro ar podendo ser a diferente entre o horrível e o audível.
Ontem, Luísa Sobral esteve cá por Leiria mas infelizmente não tive o prazer de ir assistir à sua actuação. Pelo que pude ver no youtube, é de ficar com um amargozinho de boca por perder esta oportunidade, pois parece ser um bom momento de entretenimento assistir ao talento, voz aveludada, originalidade e bom humor de Luísa Sobral.
Luísa Sobral - Not there yet (ao vivo no 5 para a meia-noite)
Luísa Sobral - Não és homem para mim (Romana)

Luísa Sobral - Toxic (Britney Spears)

7 de março de 2012

O Bordel


Encontra-se em análise na Câmara Municipal de Lisboa, um pedido para a implementação de um bordel na zona da Mouraria. Em Amsterdão certamente que este pedido não seria notícia, por cá já não é bem assim, visto este tipo de estabelecimentos ser considerado ilegal.
A reacção que ouvi do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, foi no sentido de não adiantar qualquer tendência de decisão, manifestando a necessidade em analisar o referido pedido. Não se quis comprometer e correr o risco de ser apontado por alguém, é uma reacção sensata.
Seja qual for a decisão, e eu suspeito que vá ser a da reprovação do projecto, promete gerar alguma polémica, embora neste caso seja provavelmente menor. A sociedade ainda se refugia um bocado no conservadorismo. Manter tudo como está é menos problemático do que mexer com as mentes, mesmo que isso se revele ser globalmente mais benéfico. Não é, obviamente, meu interesse vir aqui incentivar à prostituição, considero é ser mais acertado compreender e minimizar os problemas que nega-los por mais evidentes que sejam.
A prostituição é conhecida como a “mais antiga profissão do mundo”, portanto não me parece que vá desaparecer agora. Se não vai desaparecer porquê ignorá-la? Pelo que dizem os media, o aumento do desemprego ainda a acentuou.
São sobejamente conhecidas as consequências da falta de condições de segurança e higiene a que fica sujeito quem a pratica e os riscos que isso acarreta para a saúde pública. Por não ser uma actividade legislada, não paga impostos, logo perde-se riqueza para o país e incentiva-se os ganhos ilícitos de prostitutas e proxenetas, já para não falar da injustiça que isso se torna para quem os paga.
A legalização de bordéis e limitação do exercício da prostituição apenas nestes locais traria um conjunto de melhorias e reduziria a degradação a que estão sujeitos os indivíduos ligados à profissão. Não sou a favor de uma prática igual à holandesa em que as mulheres se encontram exposta numa vitrina como se de uma mercadoria se tratassem, pois isso seria acentuar o atentado à sua dignidade, mas num local com as devidas condições e privacidade, com inspecções médicas periódicas, descontos para a segurança social e factura pelos serviços prestados, não vejo porque não. 

6 de março de 2012

AVB


http://www.offsidenews.com 
Se no ano passado André Villas-Boas (AVB) deu de vilas-diogo da cadeira de sonho, no passado fim-de-semana foi Roman Abramovich a apontar-lhe a porta de saída do seu parque de diversões Londrino. Se bem que, segundo os jornais ingleses, AVB deixou a montanha-russa com 13 milhões no bolso, que sempre dá para atenuar um bocado a decepção.
Como benfiquista, tenho a pior opinião possível de Villas-Boas, o que não é necessariamente mau para si. Enquanto esteve no FCP, ganhou quase tudo o que havia para ganhar e só não ganhou mesmo tudo porque o maior clube do mundo ganhou a taça da liga (competição que me parece ser de enorme importância).
Honestamente, não considero que Villas-Boas seja nem um péssimo, nem um extraordinário treinador, é simplesmente um bom treinador. No FCP teve a sorte de ter um muito bom plantel, com a natural estrutura bem montada, pela qual é conhecido o clube, à qual só teve de juntar alguma capacidade (que a tem) para conseguir resultados.
No Chelsea a coisa é um bocado diferente, vive-se sempre na sombra de Mourinho. Villas-Boas chegou como “Salvador”, evidenciando algum deslumbramento com a nova realidade e com o peso da sua transferência ser mais cara da história (envolvendo um treinador). Pegou num plantel globalmente fraco e envelhecido para os objectivos a que se propunha com uma agravante, esses jogadores já começam a não ter pernas mais ainda reclamam o estatuto de vedetas. Depressa os resultados ficaram aquém do esperado, a classificação a descer e a sobressair alguma instabilidade interna por conflitos entre jogadores e treinador, denotando este último sempre alguma arrogância quando falava do assunto.
Como o elo mais fraco é sempre o treinador, e no Chelsea ainda mais, o espaço de manobra encurtou. Roman Abramovich gere o clube com notórios caprichos e como se fosse um brinquedo, sendo até enigmática a forma como gerou fortuna tendo em conta os princípios de gestão que aplica ao clube.
É perfeitamente perceptível que o Chelsea é um clube rico mas onde não existe a mais pequena ponta de estabilidade. Tudo é descartável, e os grandes clubes não se fazem desta forma, que o diga o Manchester United que mantém o mesmo treinador há mais de 25 anos.
Quanto a André Villas-Boas, será muito provavelmente o próximo treinador de um clube italiano, Roma ou Inter. Se for para o Inter, depois de lá ter passado como adjunto de Mourinho, viverá também alguma da pressão que viveu no Chelsea e pelos mesmos motivos, estigma “Mourinho” e plantel envelhecido, resta saber se lidará melhor com as circunstâncias.

5 de março de 2012

Responsabilidades aos responsáveis


“Deus far-me-á justiça”, se a memória não me atraiçoa, é esta a frase que no livro “Conde de Monte Cristo” de Alexandre Dumas se encontra na parede da cela de Edmond Dantès (Conde de Monte Cristo). A nós portugueses esta é mesmo a única esperança que nos resta, ser Deus a fazer-nos justiça porque a da nação chama muito poucos à responsabilidade.
Este desabafo inicial vem na sequência de uma notícia que li hoje, sobre o início do julgamento do ex-primeiro ministro islandês Geir Haarde, acusado de negligência na gestão do país aquando do seu colapso financeiro em 2008. Se for condenado pode incorrer numa pena de prisão até 2 anos.
Ou muito me engano ou no Portugal actual e do passado recente, esta situação seria completamente impossível e isso dana-me! Somos um país de tão brandos costumes que às vezes essa brandura se confunde com irresponsabilidade e cobardia.
Não sei se será falha de memória ou idade insuficiente, mas não me lembro de em Portugal haver um político, um grande empresário ou outra qualquer cara conhecida das televisões e jornais, cumprir pena de prisão efectiva. Pode ter acontecido, mas não me lembro! Há deles que são condenados a multas, coimas, penas suspensas ou um ralhetezito e uma palmada nas costas, mas anos atrás das grades? Isso é para pobres.
Em conversa com um advogado, há já alguns anos, dizia-me ele que o nosso problema não é falta de legislação ou genericamente de legislação adequada à realidade, o que falta é incapacidade de a aplicar. Discordo parcialmente, exactamente por achar a nossa justiça parcial, pelos motivos que referi. A sensação é de o país ser gerido com base em acordos de cavalheiros, que de cavalheiros têm muito pouco.
Na opinião de um mero cidadão sem formação em economia, eu, acho que esta crise não será apenas económica e não se resolverá apenas do ponto de vista económico. Enquanto não forem chamados à responsabilidade os culpados por fugas ao fisco, burlas, desvios, desfalques e outros que tais, apenas andamos a empurrar os problemas para a frente. Roubar 1€ é tão criminoso como roubar um milhão, no entanto parece que por cá é mais grave roubar apenas 1€. Vá-se lá compreender esta lógica!

2 de março de 2012

Newsletter Magnum Photos


Steve McCurry/Magnum Photos

Uma das newsletters que recebo é da agência fotográfica “Magnum Photos”, da qual já aqui falei anteriormente. Habitualmente essa newsletter inclui uma fotografia, na maioria das vezes a preto e branco, de um dos membros da agência, contextualiza-a e faz uma pequena introdução da vida e obra do autor.
A fotografia que recebi hoje é uma das que mais gostei, enviada pela dita agência, e foi tirada pelo fotógrafo norte-americano Steve McCurry em Bombaim em 1993. A foto resume-se a uma mãe a pedir esmola com o filho ao colo junto à janela de um táxi, no qual seguia o autor do clique que imortalizou o momento.
A foto tem uma enorme carga dramática, reforçada por alguns pormenores nos quais reparei com mais atenção, caso das jovens feições da mãe, das suas mãos enrugadas e sobretudo do olhar penetrante do filho a fazer notar a sua presença.

1 de março de 2012

ZX Spectrum 128K


English: Sinclair 48K ZX Spectrum computer (19...
Wikipedia
Em conversa com um colega de trabalho, dizia-lhe eu que nunca tive uma Playstation, nem das que se ligam à televisão, nem daquelas portáteis. Não é que não goste de jogos de vídeo, pelo contrário, todavia nunca se proporcionou.
Em contrapartida, dizia-lhe eu, tive um ZX Spectrum 128K. A sério que não bebi álcool hoje e isto não é nome de um qualquer protótipo japonês, é um magnífico equipamento da mais alta tecnologia… dos anos 80. O Spectrum 128k, sucessor do 48k, era um teclado com leitor de cassetes incorporado (contrariamente ao 48k que necessitava da ligação a um leitor externo) que por sua vez se ligava a uma televisão e servia essencialmente para jogar, foi portanto o início dos jogos de vídeo.
As cassetes, compradas nas lojas de electrodomésticos eram exactamente iguais às utilizadas para ouvir música e traziam normalmente um jogo ou dois. O processo consistia em por a cassete no leitor, escrever Load””, carregar no play e esperar que o jogo carregasse, enquanto aparecia um rectângulo branco contornado por linhas horizontais de várias cores a tremelicar, acompanhadas por um som irritante e estridente. Podia ainda aparecer a inscrição “loading” ou a imagem do jogo.
O processo não era simples nem rápido, levava a correr bem 10 ou 15 minutos dependendo do tamanho da fita, e muitas vezes resultava numa enorme decepção pois ao fim desse tempo todo aquilo dava erro. Caso isso acontecesse era necessário rebobinar a cassete e usar a chave-de-fendas para regular o parafuso do leitor de cassetes. Não sei exactamente qual era a função dessa afinação, o que sei é que passei horas de chave-de-fendas na mão, muitas vezes de forma inglória.
Foi nessa época que os meus nervos começaram a ficar abalados, graças às tantas horas que passei a “bater com a cabeça nas paredes” por já quase perto do fim a cassete “ir abaixo” e deitar por terra as horas da sofrida perícia de chave-de-fendas!
Longe vão os tempos a jogar “Kung-fu” com o meu inseparável amigo dessa época ou um não menos divertido “Manic Miner”.